Terça-feira, 19 de Maio de 2009

 
Uma folha caída,
Apenas uma folha caída,
Apenas.
Dourada e só.
Parei.
Pesou-me a sua leveza,
O seu fardo de folha solitária,
A sua renúncia,
O seu fim.
Peguei-a com ternura
E,
Talvez num sonho
(ou por inspiração)
Como se fosse poeta,
Levei-a à minha praia.
Soltei-a ao vento
E,
De um fôlego só,
Soprei-a lá bem para o fundo,
Bem para esse âmago,
Essa essência intangível
Onde o mar se funde com o céu.
 
Fiz dela
A minha estrela.
 
Donagata em 2007-11-04



publicado por Donagata às 11:30

 
Fecho os olhos devagar.
Por momentos procuro fugir de mim.
Daquela que todos vêem,
e, tal como eu, julgam conhecer.
Por momentos não sou ela.
Sou apenas eu.
Mais real, mais crua, mais viva.
Sem evasivas ou maquilhagens.
Sou aquela que não se reconhece.
 
 



publicado por Donagata às 11:21
Segunda-feira, 18 de Maio de 2009

 
Diz-me, por favor,
como faço para desapertar este nó
que me amordaça a voz,
que me está a asfixiar,
que convoca marés de lágrimas
salgadas e quentes

que  se quedam, também elas,

aprisionadas, impotentes

no fundo do meu olhar.

Ensina-me como soltá-lo,
como abri-lo, desatá-lo,
para poder inspirar,
para voltar a gritar e expulsar esse nó,
que me obriga a estar tão só…
 



publicado por Donagata às 23:49
Domingo, 17 de Maio de 2009

 
Não sei porque não sei escrever poemas de amor!
Não sei porque se me escapam as palavras necessárias
E se vão desvanecendo, lentamente, com pudor.
 
Não sei porque não sei escrever poemas de amor!
Porque se embrulham embotados estes dedos no teclado
Tocando em letras, à sorte, para apenas as descompor?
 
Não sei porque não sei escrever poemas de amor,
Se o que sinto é tão presente, tão intenso, tão pungente,
Que me verga, me aniquila, num mando avassalador!
 
Se escrevo mesmo o que não sinto, de modo arrebatador
Burilando as palavras, versejando com fervor,
Porque será que não sei, escrever poemas de amor?
 



publicado por Donagata às 18:15

 
 
Imersa numa densa escuridão
Que me envolve
Vestindo-me o corpo e a alma,
Escuto:
As gotas de chuva tombam,
Pesadas,
Nas folhas das árvores do jardim,
Que gemem baixinho
Num sussurro.
Pelos vidros da ampla janela,
Através da qual
Não vislumbro senão sombras,
Deslizam fios de água
Que suportam lágrimas azuis.
Lágrimas de um choro
De quem já foi perdoado,
Ou lágrimas de perdão
De quem nunca havia chorado.
 
 
Donagata em 30/11/2007



publicado por Donagata às 18:06
Sábado, 16 de Maio de 2009

"Dance shoes" By Elissa
 
Dançar é expressar com o corpo,

palavras que a alma abriga e quer soltar.

É escrever com os pés, com as mãos,

 com todos os movimentos, é desenhar.

 
Dançar é voar bem alto, é subir,
além do sonho, da ilusão da fantasia
É usurpar a música que se faz ouvir.
É esquecer o real e viver a utopia.
 
E é oscilar, saltar, deslizar, rodopiar,
é ser lascivo, mesmo sem o pretender,
é perder-se num contínuo dialogar,
é o balançar entre o cansaço e o prazer.
 
Dançar é um deixar-se possuir,
É esquecer o pudor e a decência,
é ser forte, ter o arrojo de sorrir,
é matar com a alegria a dolência.
 



publicado por Donagata às 17:15

 
Como posso eu calar?
Como posso eu fazer?
Como posso ignorar
tudo o que quero esquecer?
 
 
Como posso sacudir?
Como posso empurrar?
Aquilo a que quero fugir
e à pele sinto agarrar?
 

 


sinto-me:

publicado por Donagata às 16:18

"Trihos", fotografia de Edson Ricardo
 
Por vezes caminho tão só
pela delicada fímbria da sanidade
que apenas o arrojo e a fome de viver
me impedem de tombar.
 



publicado por Donagata às 15:41

 
Na boca um sabor a saudade
do muito que tenho para te beijar.
Na pele esta delicada ansiedade
das vezes sem conta que te irei amar.
E os recantos do meu corpo,
quão desinquietos estão,
para acolherem, encaixarem,
ajustarem, envolverem,
esses teus que ao meu se ajustam,
com notável precisão.
 
Donagata em 2009-03-31

 



publicado por Donagata às 13:11

Fotografia de Carlos Romão, "Invernia"
 
Eu hoje estou como o tempo,
incerto, com mau feitio,
tanto sopra forte, o vento,
como está um sol de estio.
 
Estou azeda, irritada,
absurdamente infeliz,
quero tudo sem querer nada…
aquilo que fiz… desfiz.
 
Tudo hoje é uma incerteza,
mas muito tenho por certo,
cada gesto é uma proeza,
cada feito um desacerto.
 
E, tal como o tempo, eu me vou

revoluteando  em incertezas,

soprando-as com violência,
as que o tempo não açaimou.
Pois essas vão ficar presas
à fímbria da minha impaciência.
 
Donagata em 2009-05-16

 



publicado por Donagata às 12:44
Quinta-feira, 14 de Maio de 2009

 
"Invernia" Carlos Romão
 
 
Não tinha ido ainda, este ano,
ao meu bar, ao bar da praia.
Escolhi ir lá hoje, tal era o desejo.
Mas o tempo montou-me uma cilada.
O sol cobriu-se de nuvens.
Não daquelas grossas, espessas
que trazem no ventre fortes aguaceiros.
Também não daquelas bonitas
a imitar flocos de algodão doce
que brincam connosco às charadas
tentando que adivinhemos
as imagens que elas desenham.
E como se divertem e fogem…
E como me divirto e fico…
Não, as nuvens hoje eram daquelas, altas e cinzentas,
que apenas tapam ligeiramente o sol,
apenas o suficiente
para o não deixar acalentar-nos as almas.
Ciumentas.
Sabiam que eu ia ao meu bar
cumprimentar o Sol, a areia,
as rochas escuras, as gaivotas e, o Mar.
Sempre o Mar.
O Mar de sempre.
E, invejosas, toldaram o dia.
O sol não brilhou,
a areia não refulgiu,
o Mar manteve-se austero e escuro
fustigando as negras rochas,
espumando sobre elas a sua raiva.
As gaivotas montavam guarda
em grandes bandos orientadas pelos ventos…
E eu,
eu não tive coragem de me desencantar.
Eu, não fui…
 
Donagata em 2009-05-14



publicado por Donagata às 17:33

Imagem de Salvador Dali
 
Abro lenta e preguiçosamente os olhos
num deleitoso acordar.
Bem junto a mim, estás tu
que te abres no meu próprio ser.
Abraçados, seduzidos, quedamo-nos a ver,
aquele azul brilhante, imenso, ubíquo,
que nos faz sonhar.
Simplesmente o mar!
 
Donagata



publicado por Donagata às 16:26

"Equivocation" by Munguia
 
Se ser mãe viesse acompanhado de instruções!
Se ser mãe nos tornasse capazes de super-acções!
Já te tinha retirado as tuas tristezas,
reavivado essas horas desoladas,
arrancado todos os vestígios de mágoa,
transformado esse olhar sofrido e doce,
em brilhos fulgurantes de alegria,

 e acordado desses momentos de apatia.

E acredita, faria isso, ainda que para tal,
tivesse que guardar para mim todas essas feridas 
bem abertas, sem lhes vislumbrar um final.
Estaria bem mais feliz, dolorida,
do que estou assim, desta forma, marginal.
 
Donagata



publicado por Donagata às 16:05

"Gato à Janela" de A. Hiroshige
 
Quando ao fim do dia chego a casa com cautelas

e vagarosamente me aproximo a observar,

procuro o brilho de olhos que das janelas,
me vigiam no meu lento avizinhar.
Os meus gatos pachorrentos mas felizes,
que me aguardam num sereno repousar
fazem pose para que eu os poetize,
e com languidez gozam do prazer
que experimentam ao poder aproveitar
os derradeiros raios de sol do entardecer.
E é ao vê-los assim tão confiantes,
tão soltos mas também tão expectantes,
tão seguros, tão altivos e tão belos,
com olhares tão meigos, tão sinceros,
que me rendo embevecida só de os ver
e percebo que eu sem eles,
era eu sem ser
 



publicado por Donagata às 13:46

 
É um momento estranho,
aquele que estás a passar.
É teres muita vontade de ir
e estares triste por não ficar.
Estás cansada, exaurida
do tanto que te é pedido.
Sentes uma raiva incontida,
uma dor, uma impotência,
sentes no peito, cingido
já a saudade da ausência.
É a escola que tu amas!
É o teu reduto, a tua “casa”!
E se de cansaço reclamas
tentando não sucumbir,
pelas colegas já chamas,
mesmo ainda sem partir.
É difícil o momento!
Direi mesmo inenarrável
Se já te falta o alento
e a dor é inefável,
também esse abrandamento
que vais ganhar com a ida,
essa resposta a um chamamento
que te faz a tua vida,
não a deves ignorar,
nem tentar esquecer-te dela.
É uma nova fase tua.
Uma etapa muito bela!
Em que poderás ser tudo,
aquilo que imaginares,
que quiseres, com que sonhares.
Podes ser uma Cinderela,
em vestido de veludo,
ou uma dama mais singela
que abraça um gato felpudo.
Seja qual for a tua escolha,
(podes até ser ambiciosa)!
Vive a vida, folha a folha
com a suavidade de uma rosa.
 
Donagata



publicado por Donagata às 13:39

"Vénus ao Espelho" por Diego Velasques
 
Olho para o espelho, de manhã,
e subitamente,
como quem acorda de um pesadelo,
reparo que este me devolve
uma imagem que não conheço,
que não é a minha, seguramente.
Não é aquele rosto que veste a minha alma;
que reflecte o meu sentir, que retrata o meu fulgor,
a minha força, a minha exuberância,
a minha crença na vida, na alegria, no amor.
Eu não sou aquele rosto!
Eu, estou viva!
 



publicado por Donagata às 13:19
Quarta-feira, 13 de Maio de 2009

Claude Monet "Chemin de boise, ettect de neige"
 
É estúpido. Eu sei.
Com esta idade julgar que é possível
entender esta coisa difícil que são os afectos.
Aparece alguém que entra assim,
nas nossa vidas, nos nossos tectos.
Cria laços invisíveis,
que se tornam nós,
cada vez mais apertados, mais difíceis,

afectos que se colam à (alma?)

e se instalam, confortavelmente,
docemente, para ficar. Para crescer.
Para afagar com o maior prazer.

Mas eis que chega um dia em que tudo cai.
E este sentir, para onde vai?
Sim, porque já criou gavinhas
que nos agrilhoam que nem plantas daninhas
que se enraizaram em nós.
Algo mudou. Tudo mudou! Deixaram-nos sós.
E esses nós apertados
que se entrelaçam em nós,
não se deixam desatar.
É preciso arrancá-los devagar, mas com decisão.
E é estúpido, eu sei.
Mas ainda se instala a desilusão.
 
Donagata



publicado por Donagata às 17:11

"Candle Power" by  Rob Gonsalves
 
É na penumbra deste dia,
Por entre o som constante da chuva
Que me fustiga o rosto e o corpo,
Por trás do silvo do vento
Que assobia enquanto me empurra,
Me agride, me arrepia,
Arrojando folhas tristes
Num remoinho constante,
Que ouço os ecos de mim
 
Donagata



publicado por Donagata às 17:01

("Invernia", de Carlos Romão)
 
Olho o mar!
Longe, da ampla varanda, sento-me para o contemplar.
Não quero ir lá. Não quero senti-lo, cheirá-lo, desafiá-lo…
Quero-o distante, quero-me esquivar. Está desigual

 Desprezou o azul profundo, intenso, excessivo.

Está plúmbeo, soturno, marginal. 
Deixa-se confundir com as nuvens que o rodeiam,
formando um todo, único, sem começo nem fim.
Está parado, imóvel, sem ondas, sem espuma, fragor…
Sem me parecer o mar descomedido. Para mim,
tal como eu, o mar está de mau humor!
 



publicado por Donagata às 16:52

("Invernia" de Carlos Romão)
 
Já anoitece! Caminho só pela orla do mar.
Imprimo marcas fundas, de pés irados.
E logo uma língua de água as vem apagar
com longos beijos frios e molhados.
 
Desenho na areia sulcos ao acaso
movendo os pés como se bailasse! 
Deslizante, prossigo e até a onda atraso
que avança e recua, como se me afagasse.
 
E agora, quieta, beijada pela espuma,
que fervilha em torno dos meus dedos,
imagino, ao longe uma velha escuna
que ergue as velas entre ondas e rochedos.
 
E acreditem que até consigo distinguir.
Iluminados por um raio de luar
tristes fantasmas que teimam em surgir
no velho barco que também teima em vogar.
 



publicado por Donagata às 16:47

 
Não sei como suspender.
Não sei como a enxugar,
como lhe pegar,
como arrumar,
esta lágrima gelada,
que se pendura obstinada
no débil fio da recordação.
 
Será que a quero perder?
 



publicado por Donagata às 14:23

 
Encolhida no sofá,
Envolta em mantas fofas,
Em gatos que se enroscam em mim
Ronronantes de mimo
E em folhas de jornais esquecidas
Gozo o fugaz prazer da inacção.
Tento esvaziar a mente!
Tento parar o fluxo constante
De pensamentos inquietos
Que teimam em manter-se.
Em acordar-me
Para o que quero estar adormecida.
Em lembrar-me
O que pretendo esquecer.
As chamas, na lareira,
Devoram a madeira crepitante
Elevando-se em orgias de cor.
Quem me dera 
Poder elevar-me com elas
E dissolver-me em fumo!
Apesar de desligada,
A televisão mostra-me imagens
Que eu não quero ver,
Emite sons que eu não quero ouvir.
Quero estar vazia, oca.
Receptáculo de outro eu,
Que não este
Que  mal reconheço.
E de quem não sei se gosto.
 
 Donagata



publicado por Donagata às 14:03
Terça-feira, 12 de Maio de 2009

 
Estou a olhá-la da janela
à Carlota, linda gata!
Estica-se, lambe a pata,
cerra os olhos com preguiça,
arqueia o dorso, roliça,
e solta uma miadela.
É a minha musa, a gatinha,
companheira de alguns anos,
adoptou-me, é muito minha
e as duas, como em sonhos,
percorremos oceanos,
ora alegres, ora medonhos,
à procura de uma rima,
daquela palavra que anima
o poema incompleto.
Quando, por fim, aparece
é vê-la compenetrada,
olha para mim, aquiesce,
e adormece encantada.
Rola pra cá e pra lá,
a barriga oferece à brisa
neste bailado, indecisa
que não é bem próprio dela.
Joaquina é também seu nome,
e só isso diz já tudo,
é decidida a bichana
age como uma soberana.

Olho-a,  parece um veludo,

uma doçura, um encanto,
uma ternura e, no entanto
se algum gato abelhudo
pensar só em a perturbar...
basta apenas um olhar,
uma frincha de esmeralda,
qual ameaça velada,
para afastar o infeliz.
É que a minha Carlota
É aspirante a imperatriz.
 
Donagata


sinto-me: para a minha gatinha

publicado por Donagata às 19:56
Segunda-feira, 11 de Maio de 2009

 
 
Como é difícil, ás vezes, 
caber dentro da vergonha
que é sentir-me achincalhada
por aqueles que deviam
fazer-me sentir amada.
 
Como é difícil ouvir,
diante de quem está a escutar,
palavras de troça e sorrir,
quando a vontade é de chorar.
 
Como é amargo duvidar,
de tudo o que eu tinha certo.
Julgar que era querida,
por quem me rodeia na vida,
que afinal é um deserto.
 
 



publicado por Donagata às 14:38

"Banhistas" de Picasso
 
Deito-me de bruços
e fecho os olhos.
Abandono o corpo
aos raios tímidos 
que teimam em passar
a frágil cortina de nuvens brancas
e torna subtis os
beijos dourados  com que
aquecem a minha pele.
 
Deito-me de bruços
e fecho os olhos.
Escuto o rumor das ondas,
O seu fragor,
quando quebram na rocha negra,
que se aquieta e se amacia
onde, um dia,
as águas lhe apagaram o fogo
e lamberam a ferida ardente.
 
Deito-me de bruços
e fecho os olhos,
enquanto ouço o suave roçagar
das asas das rolas.
Sobrevoam incansavelmente as águas,
transformando-se,
por breves momentos,
em belíssimas aves do paraíso,
ao vestirem os seus corpos
dos inacreditáveis matizes de azul
que o reflexo das águas, lhes empresta.
 
 
Deitada de bruços e,
ainda de olhos fechados,
vou passando, erraticamente,
os dedos pelo chão colorido
desenhando obras primas
pejadas de sereias
que aguardam ainda,  
os Ulisses mais incautos;
de “meninas do mar”bailando
fazendo rodopiar loucamente
os cabelos de algas finíssimas;
de rochedos no fundo do mar
acolhendo antigos galeões
que apenas deixam antever
os seus finos tesouros perdidos,
de civilizações esquecidas
nas profundezas das águas...
 
Abro os olhos lentamente,
contrariadamente...
Algo indefinível ainda,
me obriga a sair do doce torpor
em que havia mergulhado.
O sol,
talvez na sua persitência mansa,
havia diluído o manto de nuvens
que o cobria.
Procuro uma sombra.
Sento-me,
protegida de outros beijos
mais dolorosos, mais intensos,
que não desejo
e olho esse mar de frente.
Quero fixar os seus tons,
os seus movimentos,
os seus sons,
ora sussurrantes, ora fragorosos,
os seus cheiros, intensos e doces.
Quero colá-los à pele,
senti-los em mim,
fazer, também eu,
parte desse infinito.
 



publicado por Donagata às 12:57

Fotografia de Joana Almeida
Fotografia de Joana Almeida
 
Mais um dia que acabou
Um dia calmo, indolente
E esta pessoa que sou
Sufoca, arde impaciente.
 
É uma quietude perdida
Uma agitação crescente
Que enche a alma, dorida
Que chora de raiva ardente.
 
E na garganta se prende
Este nó que vai crescendo
Que me fere, que me exaure
Numa dor que não entendo.
 
E esta fúria que não pára
Que a quietação apagou
Esta irritação insana
Nesta pessoa que eu sou,
 
Tem de recuar, de fingir,
De serenar, aquietar
De disfarçar, de sorrir…
E outro dia  começar.
 
 



publicado por Donagata às 12:20

 
Imersa numa densa escuridão
Que teima em envolver-me
Vestindo-me o corpo e a alma,
Escuto:
As gotas de chuva tombam,
Pesadas,
Intensas,
Ritmadas,
Nas folhas das árvores do jardim,
Que gemem baixinho
Num sussurro.
Pelos vidros da ampla janela
Através da qual
Não vislumbro senão sombras,
Deslizam fios de água
Que suportam lágrimas azuis.
Lágrimas de um choro
De quem já foi perdoado,
Ou lágrimas de perdão
De quem nunca havia chorado.
 
 
Donagata



publicado por Donagata às 12:13

Imagem: "Bride" by Chagal
 
Gostaria de te oferecer, amor
Palavras que tu sentisses
Sem equívocos, sem dúvidas,
Poderem apenas ser minhas.
 
Gostaria de saber, amor
Embrulhar-te no meu abraço
Incendiar-te com este fogo
Que, embora sereno,
Arde ainda com fulgor.
 
Gostaria de te mostrar, amor
Esta pessoa que te chama,
Este coração que te ama
E esta alma despida
Por ti, para ti,
Amor da minha vida.
 
Donagata



publicado por Donagata às 00:07
Domingo, 10 de Maio de 2009

Imagem: "Cats on a beach" by Louis Wain
 
Gosto de gatos, e pronto!
Gosto deles brancos, azuis, listados,
Tartaruga, laranja, ou malhados,
Siameses, persas, noruegueses,
Rafeiros, europeus ou balineses…
Gosto de gatos e pronto!
Gosto deles bem peludos,
Encantam-me os de pelo raso,
Gosto mesmo dos sisudos,
Mas são raros, um mero acaso.
Aprecio o seu andar,
Elástico e ondulante,
Muito fluido e provocante,
Exibem-se ao caminhar.
São donos do seu nariz,
Nunca se deixam comprar,
São dóceis, mas não servis,
Sabem deixar-se adorar!
São companhias incríveis,
São amigos assombrosos,
Possuem-nos, são terríveis,
Adoráveis e ardilosos…
Gosto de gatos, e pronto!
Sabem-se insinuar
Tornam-se os nossos amos,
Mas acham prazer em gostar,
Daquilo que nós gostamos.
E é assim que nós vemos
Gatos poetas, cantores,
Gatos que pintam e cremos,
Gatos que sofrem de amores!
Gosto de gatos, e pronto!
 
Donagata


sinto-me: nalua...

publicado por Donagata às 23:50

(Imagem: "Devaneios" de Guilherme Faria)
 
Abomino quando me perco em devaneios
deixando fantasias, descuidadas, vagabundas,
percorrerem céleres as ideias mais profundas,
acalentando sonhos de arrebatamentos e anseios.
 
Acobardo-me só de pensar nesses sonhos,
nesse vaguear impudente, que não domino.
Sinto que quero o que nem sequer congemino,
tentando amordaçar os pensamentos bisonhos.
 
E erram assim, as ideias, inconscientes.
Pressinto-as, perturbadas, a esperar,
confiantes que, desse sonho, ao acordar,
descubra paixões reais e não ilusões decadentes.
 



publicado por Donagata às 23:41
O diário do meu alter-ego. O irreverente, desbocado, mal disposto e insensato alter-ego. Mas também o sensível, o emotivo, o lamechas, aquele que tenta dizer coisas de forma bonita... Assim num pobre arremedo poético.
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