Sexta-feira, 31 de Julho de 2009

"The wall of no-words" de Alberto. G. Baccelli
 
Gosto das tuas palavras
quando as sinto algodão.
Suaves, coloridas e doces.
E então é como se fosses
Aquele que eras então…
E ainda hoje, ao ouvi-las,
vem-me a ternura à memória
e vivo de novo a nossa história
com um frémito de emoção.
 
Às vezes sinto-as redondas,  
macias, bem desenhadas
modelam-se na tua boca,
saem soltas, bem cuidadas…
 
E há ainda ocasiões
em que elas têm esquinas.
Saem cortantes, agudas,
como fantasias peregrinas.
Por vezes são tão obtusas
que nem mesmo as quero ouvir. 
Viajo para o meu mundo
e escuto-as a sorrir…
 
Donagata



publicado por Donagata às 16:44
Quinta-feira, 30 de Julho de 2009

 
Imagem de Salvador Dali
 
Cercada. 
Estou tão completamente cercada
que me sinto inquieta, comprimida,
impedida de respirar.
Olho em volta espavorida,
e bato-me em vã tentativa,
dessas correntes soltar.
Mas são pessoas que vejo,
pessoas que não posso ignorar,

amargas, gastas e feias, 

ainda que jovens sejam
e agradáveis ao olhar.
E eu amarga, gasta e feia,
se calhar sem mais razão,
que não seja a de me esforçar
por estender sempre a mão
a essa gente que me prende,
me puxa me exige me agarra,
me continua a cercar
e que constantemente me chama,
ainda que mesmo sem falar.
 
Donagata em 2009-07-30

 



publicado por Donagata às 19:19
Quinta-feira, 30 de Julho de 2009

"El hogar de los olvidos" de Luísa beatriz Osdoba

 

Quando nos falta o ânimo,

e a nossa alma começa a ceder.
Quando sentimos que se dissipa o ardor
e constatamos quão difícil é viver.
Quando se complica a simples tarefa de pensar
e tudo o que mais queremos é esquecer.
Quando o corpo nos desabriga
e também nos começa a falhar…
Será que estamos na altura de cessar?
 

 


sinto-me:

publicado por Donagata às 17:21
Segunda-feira, 27 de Julho de 2009

Imagem de Chagall
 
Quando um mais um não se tornam um só.
Quando ao dar as mãos já não se forma um ser uno
mas dois, de mãos dadas.
Quando ao imaginar surge o eu antes do nós.
Quando se sente primeiro a própria desventura
e só depois pensamos que outro alguém
poderá sofrer de igual modo.
Quando julgamos o outro a causa da queda das nossas asas,
sem pensarmos que possamos nós ter cerceado as de alguém.
Será que vale a pena?
Será que resta ainda um centelha do nós?
Será que o amor é suficiente para juntar as penas?
Será que poderemos ainda voar juntos?
Será?
 
Donagata em 2009-08-27

 



publicado por Donagata às 13:09
Quinta-feira, 16 de Julho de 2009

 
 
Vou contar-vos uma história, 
difícil de compreender.
Mas um facto é um facto,
não há como o esconder.
 
Todos quantos aqui vêm,
sabem que gosto de ler.
E depois, nas horas vagas,
lá vou tentando escrever.
 
É algo que muito me apraz,
(embora me escasseie a mestria),
e do jeito que sou capaz,
vou dando forma às palavras,
desculpem, é uma mania,
e torno-as dor ou mel …
em frases que se escapam
e se espalham no papel .
 
Pois agora, ultimamente,
vá-se lá saber porquê,
ando distraída, ausente,
sinto que algo está a mudar.

 Não é que esta fraca escrevente,

em vez de se tentar apurar
nas letras, de que tanto gosta,
pega nas alfaias às costas
e para a quinta vai labutar!!!
 
E lá planto, semeio, colho,
toda cheia de vontade.
Mas que parvoíce é esta,
Se o que eu gosto é da cidade?!!!
 
Tomo conta das vaquinhas,
das ovelhas, das galinhas,
recolho ovos e leite,
colho cerejas e maçã
e tudo com um deleite,
como se não houvesse amanhã!
 
Internem-me! Peço eu.
Isto está a ficar um vício!
E já que a culpa é tua, Rafael,
(e olha que não tens indulto),
vê se arranjas um empenho,
daqueles bons, dos de antanho ,
para eu voltar às palavras
e estendê-las no papel!
 
O que eu me esqueci de dizer,
é que a Quinta é a brincar!
E se me apetece ler, trabalhar, escrever,
ninguém me pode enredar.
Mas apesar dos compromissos,
que não posso descurar,
quando dou por mim já fui,
sorrateira, a disfarçar,
para a Quinta “encher chouriços”,
E o trabalhinho, a aguardar!
 
É ou não é um caso sério?
Um caso para me inquietar?
 
 Donagata em 2009-07-16



publicado por Donagata às 19:13
Sábado, 04 de Julho de 2009

 
E depois,
há aqueles dias
em que por uma qualquer razão,
sem razão nenhuma
nos parece que o tempo

que perdemos a tentar viver,

não faz sentido
e nos foge, sentido,
sem que o possamos parar.
 
Donagata em 2009-07-03

 



publicado por Donagata às 01:31
O diário do meu alter-ego. O irreverente, desbocado, mal disposto e insensato alter-ego. Mas também o sensível, o emotivo, o lamechas, aquele que tenta dizer coisas de forma bonita... Assim num pobre arremedo poético.
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