Triste dia este em que te vi procurar todas as suas coisas para lhas dar.
Triste dia em que essas coisas, que displicentemente, se iam encostando por aqui,
considerando esta casa já um pouco sua, tiveram que dela sair, que a deixar.
Triste dia este em que te vejo procurar e arrumar, tão absorta como nunca vi,
livros, discos, e sei lá que mais, com os gestos maquinais de quem está a sonhar.
Detens-te, por vezes. Estranhas o que tens na mão, não compreendes.
Até que acordas, paras, olhas sem ver e deixas as lágrimas rolar.
Hoje perdeste a frescura do rosto só possível para os que não sabem,
para os que nunca sentiram a dor de acordar de um sonho de amor.