Fiona
Pouso, ansiosa, as mãos no teu pelo macio,
que já não é.
Nesse pelo de belos reflexos de prata,
que já não tem.
Que soltava uma tepidez doce e boa,
que já não sinto.
Enfio os dedos nesse teu manto sedoso,
que já não é,
à espera de te ouvir ronronar com premência,
como já não fazes.
E sinto apenas frio.
Viro-te e procuro encontrar o teu olhar.
Estás fria.
O teu olhar está velado e fixo.
Os meus dedos apenas sentem aspereza
e tu, já não és tu.
És apenas a carcaça ainda reconhecível,
ainda bela,
daquela que foi a minha companheira doce de onze anos,
e já não é.
Deixaste-me desprevenida.
Foste rápida e determinada!
Agora, só não sei como tapar este buraco
fundo, negro, frio,
que sinto cá dentro,
sem te sentir.
Donagata em 2009-06-30
sinto-me: