Dia impertinente este, em que deambulo pela casa,
perdida, insatisfeita, mesmo em risco de explodir.
Não suporto esta ansiedade, este mal-estar geral,
que me azeda, me põe trémula e sem razão, afinal…
Começo tudo e nada acabo.
Tiro coisas do seu sítio para outro experimentar
mais em cima, mais em baixo, vou atrás apreciar…
De repente largo tudo sem me importar do lugar.
Vou-me sentar, distender, pego num livro, vou ler.
E a roupa por tratar?
Largo o livro irritada e aí vou, é um dever.
Vou para a roupa, é verdade, mas logo a vou esquecer,
pois pelo caminho descubro: tenho umas plantas a secar
e se não as rego agora, vão acabar por murchar…
Quero lá saber das plantas, da roupa e até da casa.
Nem mesmo quero cuidar daquilo que me dá prazer!
Quero lá saber do pó e do pelo a esvoaçar.
Quero apenas estar só, sem cuidados sem mexer.
E ainda mais do que tudo, o que eu quero é não pensar!
Donagata em 2009-06-08