"Lunette de aproche" René Magritte
Abro a janela
deste quarto antigo
deste enorme casarão
que me recorda a infância.
Abro a janela
e espreito a manhã.
Desponta cinzenta e branda
Mas gorda de fragrância
a rosmaninho, hortelã,
flor de giesta, lavanda
tomilho e alecrim.
Inalo com força este festim
de lembranças já perdidas,
de memórias esquecidas
bem fundo, dentro de mim.
Ao longe verdeja a encosta
pincelada por mão de artista
de vermelho, de amarelo,
de roxo, de ametista…
E aqui, bem junto a mim,
uma simples oliveira,
singela mas altaneira,
nas rugas do seu madeiro,
na prata das suas folhas
com textura de cetim.
E no seu pé…
Uma papoila nascida so para mim!