Estou daqui a observar
aquele pequeno pardal
que ensaia o seu voar
do alto do meu beiral.
Olha p’ra baixo a avezita.
Vejo-a ansiosa, a piar.
Escorrega-lhe a patita…
Eis que se perde no ar.
Vem a pique estonteada
até que agita as asitas.
Movimenta-as, desajeitada,
E vem pousar, nas ervitas.
Mas eis que o siamês, o gato,
que aguardava paciente
por entre as folhas do cacto
ali, bem na minha frente;
e que só por distracção
eu ainda não avistara
tal era a minha atenção
perante cena tão rara,
Dá um salto repentino
tentando a ave apanhar.
É aí que eu me obstino,
e lá vai o livro pelo ar.
O gato foge numa pressa,
com medo de tão grande míssil.
Mas para o cacto regressa
com um ondular leve e grácil.
Lá vou o livro apanhar
e procurar o pardalinho.
Está encolhido, sem piar
quer sua mãe e seu ninho.
Pego nele com cautela,
não o quero assustado.
E vou levá-lo à janela,
aquela que fica mais perto
do seu ninho no beirado.
(Um pouco ao estilo dos parnasianos, mais propriamente do neo-romantismo nacionalista. Ou então, não!)